terça-feira, 1 de março de 2022

para XÁRICA

 Todos os dias, “livre de nascimento ou destruição, de tempo e espaço, de forma ou condição do Vazio eterno”, surge Xárica

dançando e girando sobre si como uma esfera em rotação. Em passos

pequenos vence, ziguezagueando, morros e planícies até chegar à beira do

mar. Pacientemente tira um cesto de suas costas e o coloca ao seu lado. Ela

moldou nos buracos e sulcos da pele do seu rosto, com o tempo, montanhas e vales que brotavam sistematicamente em um fluxo de lágrimas e como se

fosse chuva, alimentou a sua memória, trazendo à superfície daquele

momento... A vida. Criaturas pequeninas desovadas das correntezas nascidas das ondas: naturais e como se fossem pequenos filhotes de gente, se lançaram através de suas espumas.

E assim, à sua frente, enche-se o oceano... De alegrias, tristezas, lembranças doces, amargas... Espumas.

Assim Xárica estava como sempre à espera que o mar lhe devolvesse o que

havia lhe tirado. O mesmo mar que lhe esperançou uma noite de estrelas

cadentes, apontava lugares além da linha que horizontal e dura insistia em

dizer que não havia nada mais adiante. E aquelas estrelas anunciavam, caindo sobre o firmamento, que coisa haveria de ter prá lá de lá, sim!

O mesmo mar que Xárica atravessou deixando as montanhas para trás. As

mesmas que marcam agora sua ascendência sobre ela, em rasgos escritos na pele.

O mar que aprendeu a amar ! O amargo da mar veio depois. Muito depois só,

Xárica pode ver que aquele mar se tornava bravio depois de uma calmaria

estarrecedora, uma calmaria que trazia com ela o silêncio, dos imortais...

Sempre se sabia que algo estava para suceder... E Xárica via longe, longe,

desejos de corpos necessitados de chegar em algum lugar... espumas...

espumas... Espumas! Daí AZUL, VERMELHO, MARROM: silêncio!

Desde então Xárica começou a colecionar as coisas que o mar lhe trazia

entre as espumas, como que vômito, como que desprezo, como que salvação, como que gozo, extrema-unção: Garrafas, flores, peixes, folhas, latas, plásticos, conchas, escritos, algas, ossos... um menino!


quarta-feira, 19 de julho de 2017

... e assim o AMOR quebrou o silêncio... 




Hey ! psiiiuuu ! 
    Me ouve daí?


PARABRISANDO

Paro.
Paralisada... assim.
Lesa.
Lesada... sim.
Toda vez que te vejo
De frente a mim.
Ai, que medo!
Que medo que tenho
De que o tempo esteja brincando comigo,
Contigo,
Brincando de quebra-cabeça, esconde-esconde,
Procurando a peça que falta de uma história contada há muito
Encontrada, desencontrada, desconexa, desencaixada, encantada.
Estou sim, meio que assim, lesa, paralisada.
Porque toda vez que não te vejo
Te vejo inda assim
Em mim.
Pedaços da laranja que se encontram
Coincidências, Histórias, parábolas, lendas...
Dessas que são contadas por apaixonados, românticos, de um tempo mítico qualquer.
Ai, que medo que o tempo tenha passado
E que eu desista,
Que você desista
De continuar tentando
Nos permitir tentar e entender o que os fatos nos dizem de nossos desejos, dos nossos passados, dos nossos futuros
Uma parelha de sonhos, desejos e matéria abstrata de projeções de antes...
Sabe d’antes?
Antes
D’Eu e
Você.


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

CACHOEIRA DE BARQUINHOS DE PAPEL I : Nasce Caboré Ramos!

Nasce aqui esse personagem, a quem amorosamente dou a alcunha de CABORÉ* RAMOS. E como dele mesmo um dia ouvi sobre seus fatos: "Está grudado (ou guardado?) em minha retina!", aqui vou armazenando fatos, frases, músicas e histórias e o que mais vá surgindo, para que muitos outros de nós caburés.

FRASES DE UM CERTO CABORÉ!
- "ATRÁS DA MINHA CASA PASSAVA UM RIO. O RIO CACHOEIRA. FAZÍAMOS BARQUINHOS DE PAPEL, MUITOS, E ACOMPANHÁVAMOS ELES CORRENDO, À MARGEM DO RIO ABAIXO!" - Caboré Ramos

- "TINHA UMA LENDA QUE O RIO SÓ SOSSEGAVA QUANDO LEVAVA UMA PESSOA..." - Caboré Ramos


*Palavra de origem tupy-guarani, designa uma ave de rapina da família das corujas, de pequena estatura, tonalidade geralmente marrom, e muito encontrada por todo o sertão brasileiro compreendido entre a Bahia e Ceará.Mesmo que caburé, regionalismo Norte, máxime no Pará, mestiço de negro com índio; cafuzo
http://ocantodocabore.wordpress.com/2013/01/30/o-cabore/
http://www.dicionarioinformal.com.br/cabor%C3%A9/

AMOR

Desejaria que este chegasse e tocasse aqueles a quem amo.
Um amor tipo da Epístola de São Paulo, mas na leitura e voz de Renato Russo! Um amor secular, Humanista, um amor capaz de elevar-se e desprender-se do cristianismo, um amor que nasceu do homem apesar do ódio que nos toma e nos amarra à barbárie.
Tudo dito assim parece tão cristão... mas é que o sou... sou essa invenção do humano, herança renascentista... mas sou aquele aprendiz a quem Galileu, ao pé do ouvido, após a saída do seu julgamento, sussurrou: “a terra é redonda e gira em torno do sol! A verdade é filha do tempo e não a autoridade!”.
Estar aqui, permitir-me esse evento é permitir-me a presença e ao fluxo do meu pensamento.
É deixar-me entregue à contradição Despir-me da minhas certezas. Impregnar-me de olhares e pensamentos, movimentos, suspiros do alheio, estar nas mãos, refém, de quem nesse instante me lê, a quem meus pensamentos submeto e ao seu julgo: tocar...repudiar...acatar ou desmentir... Concordar com esse ato de amor, de entrega ao outro, ao AGORA, ao MOMENTO EXATO e ceder-me ao encontra-lo! Então ceder ao encanto da Partilha E já não sou!
Só o AQUI e AGORA Espaço e Tempo E meus EUS.... Num jogo constante e esquizofrênico do ESTAR... 
O PRESENTE!
E se ACASO me perguntem do que mais gosto de fazer, responderei: Observar. Observar, absorver, sorver, ver! Para imaginar, para criar! Criar vidas, imaginar passados. O que deve ter a mais nessa vida, que observo, além do pipa, o vento e os outros pipas mais ao alto?
Quando foi mesmo que só havia o momento para mim?
Só aquele exato momento e o máximo de futuro era exatamente o ter de retornar da brincadeira... 
Meu, Deus! O sol se põe! Me viro para apreciar. Saudade... e lembranças...de tantos outros, Pôr do Sol!

sábado, 24 de agosto de 2013

OCASO

O CASO...

ACASO venham a me perguntar do que mais gosto de fazer, responderei: Observar.
Observar,absorver,sorver,ver!
Para imaginar, para criar!
Criar vidas, imaginar passados. O que deve ter a mais nessa vida que observo além da pipa, o vento e os outros pipas mais ao alto?
Quando foi mesmo que só havia o momento para mim? Só aquele exato momento e o máximo de futuro era exatamente o ter de retornar da brincadeira...
Meu, Deus! O sol se põe! 
Me viro para apreciar.
Saudade... e lembranças...de tantos outros, Pôr do Sol!

TRANSBORDO!

PENSAMENTOS vãos
como castelos de areia
como paredes que se derretem
suando se evaporam
em lembranças de
limo e mofo
castelo de ilusões

Tudo que criei
não passavam de imagens
projetadas de mim mesma,
daquilo que pensei
ser 
real

Real é tudo que criei
daquilo que  julguei
ser melhor...
      Prá quem?
      Prá mim.

Me sinto um ser frágil,
que qualquer um pode levar 
para onde queira

Uma brisa sob disfarce
de um furacão

Tudo é ilusório,
         é fantasia,
         é subjetividade!

Como as que escrevo agora
que em pouco não passará
e que em pouco
não passará de poesia mal feita,
um desabafo qualquer,
sem nenhum valor literário.

Importante só para mim.
Uma comunicação comigo mesma
para me lembrar
que sou um joguete, um brinquedo
dos Deuses, caso eles existam...
ou apenas mais um animal
que luta para estar vivo

Neste labirinto de construir e
desconstruir 
apenas uma ficção faz em mim sentido
real para sobreviver:
O AMOR.

Essa invenção mágica,
que se multiplica em nomes,
       pessoas,
       histórias,
que me impulsionam a continuar
no caminho da ilusão,
que como um remédio
para uma dor qualquer
me trás alívio e calma
para pensar ...
          pensar que posso sonhar.

Entre trechos e linhas de escritos
num papel
eu me iludo
me arregaço
       transbordo!