sábado, 24 de agosto de 2013

OCASO

O CASO...

ACASO venham a me perguntar do que mais gosto de fazer, responderei: Observar.
Observar,absorver,sorver,ver!
Para imaginar, para criar!
Criar vidas, imaginar passados. O que deve ter a mais nessa vida que observo além da pipa, o vento e os outros pipas mais ao alto?
Quando foi mesmo que só havia o momento para mim? Só aquele exato momento e o máximo de futuro era exatamente o ter de retornar da brincadeira...
Meu, Deus! O sol se põe! 
Me viro para apreciar.
Saudade... e lembranças...de tantos outros, Pôr do Sol!

TRANSBORDO!

PENSAMENTOS vãos
como castelos de areia
como paredes que se derretem
suando se evaporam
em lembranças de
limo e mofo
castelo de ilusões

Tudo que criei
não passavam de imagens
projetadas de mim mesma,
daquilo que pensei
ser 
real

Real é tudo que criei
daquilo que  julguei
ser melhor...
      Prá quem?
      Prá mim.

Me sinto um ser frágil,
que qualquer um pode levar 
para onde queira

Uma brisa sob disfarce
de um furacão

Tudo é ilusório,
         é fantasia,
         é subjetividade!

Como as que escrevo agora
que em pouco não passará
e que em pouco
não passará de poesia mal feita,
um desabafo qualquer,
sem nenhum valor literário.

Importante só para mim.
Uma comunicação comigo mesma
para me lembrar
que sou um joguete, um brinquedo
dos Deuses, caso eles existam...
ou apenas mais um animal
que luta para estar vivo

Neste labirinto de construir e
desconstruir 
apenas uma ficção faz em mim sentido
real para sobreviver:
O AMOR.

Essa invenção mágica,
que se multiplica em nomes,
       pessoas,
       histórias,
que me impulsionam a continuar
no caminho da ilusão,
que como um remédio
para uma dor qualquer
me trás alívio e calma
para pensar ...
          pensar que posso sonhar.

Entre trechos e linhas de escritos
num papel
eu me iludo
me arregaço
       transbordo!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

AMOR

Toda vez que te vejo...
me vejo espelhada, 
espalhada em tua alma
Espremida entre teu presente e tua memoria
Expressa em teu olhar e tua presença 

que por fim põe fim 
à distância do que nos tornamos.
Agora simplesmente somos
Experiência de Amor
numa expectativa do eterno em nós.

para o meu querido amigo Leovigildo, da sua sempre "neguinha"

domingo, 14 de abril de 2013

VIAGEM DE UMA FOLIONA PARA O FOLIAS GALILEU !

Em um momento que falamos de mudanças, de quebra de paradigmas, da necessidade de um novo olhar para nosso mundo, no fracasso tanto do capitalismo como do comunismo, da ascensão de pensamentos fundamentalistas, de modernidade líquida... ufa! Poderia enumerar mais um tanto de características do tempo em que vivemos e que procuramos entender para habita-lo da melhor maneira possível! Bem nesse momento, rever algumas obras que já se tornaram clássicas em nosso tempo, me parece um caminho interessante para que possamos reavaliar criticamente nossa caminhada histórica para tentarmos entender o momento em que vivemos.
Pois bem, o grupo de teatro FOLIAS retoma a obra de Bertold Brecht, GALILEU GALILEI, e nos presenteia com FOLIAS GALILEU, fazendo sua própria leitura, desfragmentando a obra pondo nas bocas dos atores/personagens depoimentos de um passado/presente que vamos revisitar. 
Peregrinando pela sua casa onde Galileu ficou em prisão domiciliar, visitamos seus cômodos e ali nos deparamos com sujeitos que viveram com ele. Através desses depoentes formamos a nossa figura de Galileu. Histórias contadas, microcosmos observados através da lente dos nossos olhos e valores. Como uma viagem pela via láctea nos tornamos ao mesmo tempo corpos celestes desse espetáculo ou puros observadores. 
Uma estranha senhora nos recebe e protagoniza o papel de anfitriã que numa atitude aristocrática representa tudo aquilo que nos torna "impassíveis diante do dragão" e que resta, e que se transforma em tantos outros significados em nosso mundo contemporâneo. Como uma serpente camaleônica se disfarça e penetra na alma coletiva milenar da nossa história ocidental.
Lindas, verdadeiras e emocionantes atuações de um elenco de artistas maduros e comprometidos com sua arte.
Altamente prazeroso de assistir!
É daqueles espetáculos que a gente sai do teatro querendo falar, conversar... e pensamos então que podemos propor e realizar mudanças (seja ela em que âmbito,que plano for, afinal você tem o direito de escolha!). Acreditar que é possível, porque as grandes idéias, as grandes descobertas se perpetuam por toda eternidade, e existem aqueles que continuam por uma caminho antes iluminado, como ecos e para nos lembrar e dizer: é possível sim, acreditar no Homem, no Conhecimento e na Civilização!
 A verdade se perpetua e transcende à mesquinhez do poder dogmático...
"Eppur si muove!", ou seja, "Contudo, ela se move" ! *


* (frase atribuída a Galileu Galilei dita sobre a Terra, após negação de sua Tese comprovando a Teoria Heliocêntrica à saída de seu julgamento)

SERVIÇO PARA "FOLIAS GALILEU" - dir. Dagoberto Feliz
Resenha por Dirceu Alves Jr.: Com base em criação coletiva, o grupo Folias encena os embates pessoais e intelectuais do físico e astrônomo italiano Galileu Galilei (1564-1642) na comédia musical. Seus conflitos éticos e sua importância na revolução científica inspiraram a dramaturgia. Com Bete Dorgam, Carlos Francisco, Flavio Tolezani, Kátia Naiane, Nani de Oliveira, Rodrigo Scarpelli e outros. De 13/04/2013 a 26/05/2013.

Galpão do Folias: Rua Ana Cintra, 213 - Santa Cecília - São Paulo - SP - Tel.: (11) 3361 2223
Sábado, 21h; domingo, 19h.
Bilheteria: 16h/20h (quarta a sexta); a partir das 16h (sábado e domingo).
Ingresso: R$ 30,00

NÃO ME VENHAS MOSTRAR O TEJO! QUANDO DE MIM QUERES,TÃO SOMENTE, O CORPO.
Difícil esse olhar a realidade.
Aprender a vida assim. Simplesmente assim. Direta, objetiva, clara, reta e pragmática.
Como aprender a não criar caminhos fantásticos, repletos de paisagens, significados, colorações, bifurcações? Cruzamentos, encruzilhadas,luminosos, hotéis, postos de gasolina, hotéis, cidades, desertos, oásis?
Vê-se que é mais fácil em mim criar imagens travestidas em palavras. Maneira mais rápida e precisa para dar conta do turbilhão de histórias, desejos e passados que passam em minha mente como num painel eletrônico que parcialmente informa a soma da bolsa de valores.
E assim mais uma vez falo por meio de meu mundo subjetivo...
Nada de precisão.
Nada que descreva objetivamente o o real. Visível.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

AEDO *

Hoje revi um documentário... A COBERTA D'ALMA**!
Com ele uma pergunta se fez novamente em mim: no que acreditas, mulher?!
Acredito que tenho que cantar com alma...pois assim me pedia meu pai quando me via cantar  acompanhada de uma série primária de acordes em lá maior.
Penso que assim nossa alma vai se fazendo: de histórias em lá...melhor, de lá.
Histórias e cantorias em fragmentos, poeirinhas d'alma!
Como gosto dessa inflexão: D'Alma!
Como gosto de sua sonoridade e do que ela me inspira!
Gosto da simplicidade da velha senhora, quando no documentário faz da metafísica poesia, ao dizer de sua tradição: como é que a alma vai chegar pelada no céu? a roupa que o defunto vai vestido a terra come, apodrece! então a gente veste um amigo com as vestes do morto, para que a sua alma não chegue nua no céu...
...Nem as nossas permaneçam desamparadas sem o brilho poético lançado por essas crenças!
Poeiras D'Alma, como grãos de areia, se revelam como a infinitude de olhares, contares e cantares que podemos ter sobre nossas trajetórias por aqui nesse mundo que se revela como o mais possível e provável, o real. Se revelam como possibilidades de revelações sobre nós e "nós outros". Reconheço-me pertencente a um universo comum a vários outros.
Olho o céu.
E espero com que à noite estrelas me indiquem caminhos, sortilégios, tradições.
E que nesta visão de Paraíso me permita reencontrar com as Almas de meus ancestrais, em acordes para lá de maior, continuem me inspirando e me transformando em Aedo d'Alma!


*   Os Aedos eram poetas-cantadores que percorriam a Grécia cantando um repertório composto de lendas e tradições populares. O som de liras ou cítaras acompanhava-os- http://pt.wikipedia.org/wiki/Aedo
**Coberta d'Alma - Um Ritual para os Mortos de Osório de HIQUE MONTANARI

segunda-feira, 1 de abril de 2013


Dor, dor de "dodói"!
Dor de tempo do sofrimento que
em meus sonhos se sedimentou e eclodiu!

Ah! Saudade!
Insuportável!
Insuperável!

Tudo caminha pela metade.
Nada é eterno.
Nada se concluiu.

Apenas passo.
Passamos.
Passo pela dor de décadas de perdas.
Se foram...
Fui um pouco com cada um deles.

Nada concluso.
Nada concluo.

Sinto saudade!
Insuportável!
Insuperável!
Não a pedi,
nem autorizei.
Irrompeu!

Será que alguém há de alcançar
a dimensão
dessa minha dor?

Hoje simplesmente não quero ser guerreira,
não quero caçar,
não quero ter que ir além,
ter que ser outra.

Apenas deixar ser essa dor.
Essa dor que me
enfraquece
até o não ser.

Essa dor que sou
é a dor
do que me restará sempre:
Chorar por aqueles que foram
antes de mim.

Uma dor que só
se dilui
no flerte com o difícil despertar
para a vida dos comuns,
que se mistura
com os pequenos afazeres mundanos,
que desaparece
com as projeções
de sonhos 'inda não realizados.

Dor, dor de dó de mim!
Magoou:a dor de dor de novamente doer!
A dor de perdas irreparáveis
a dor da condição do desamparo
da saudade dos que fizeram de mim
o que hoje um pouco sou.
dor da escolha
que faz chagas abertas

Saudade! Ah!
Insuportável!
Insuperável
do que um dia fui em sonho
de mim.

Dor pela morte
de um inseto esmagado
em minha frente
aos meus mais tenros olhares de infante!
Dor de "dodói".

Uma dor que não se explica,
uma dor que é!

Choro.
Choro compulsiva e copiosamente
com dó de mim
como uma formiguinha
morta
que pede a alguém que chore
dolorosamente
por ela.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Aqui, diante da tela,
líquida,
me desfaço no emaranhado
de desejos !
cacau...
suor...
cheiro de um dia trabalhado
na barcaça
entre grãos
estopa
e mel.
Chocolate!

quarta-feira, 27 de março de 2013

MercúrioCronos

Um espaço para dar forma aos meus pensamentos.
Escrever.
Sempre foi uma arte para mim. E como Arte evoca em mim o sagrado, não nunca me vi à altura de imputá-la com meus pobres e disléxicos pensamentos e palavras...Rudes, abarrotados de emoções, encharcados de pequenezas cotidianas!
Quanta arrogância e prepotência disfarçadas sob um véu de singular humildade!
Resolvi parar de ser algoz de mim mesma e entregar minha alma ao crivo de quem não sou. Daquele outro que não sou eu e que me reconheço quando me permito em mim.
Espero deixar aqui apenas o registro da fluidez do meu pensar, muitas vezes com erros brutais, mas que expressem a velocidade e o desejo da minha comunicação, da minha provocação. Exercitar-me nesse caminho da imprudência e exposição.
Comecemos, pois, os trabalhos! 
Que mercúrio me acompanhe nessa viagem de insensata fluidez de impressões!
Ou expressões?!